O Japão e a ameaça da Coreia do Norte
Tensões na península coreana preocupam governo japonês
A Coreia do Norte volta a disparar mísseis que sobrevoam o Japão, em direção ao oceano Pacífico.
Em Novembro, um míssil balístico intercontinental caiu no mar, em águas da Zona Económica Exclusiva (ZEE) do Japão e que o Primeiro-Ministro japonês, Fumio Kishida, descreveu como “absolutamente inaceitável”.
Este míssil não parece ter causado danos a navios ou aviões. No entanto, as autoridades japonesas pediram aos navios que estivessem a cruzar a área para não se aproximarem de quaisquer destroços que estivessem a flutuar.
“A Coreia do Norte tem disparado repetidamente mísseis este ano com uma frequência sem precedentes e está a aumentar significativamente as tensões na península coreana”, afirmou o ministro da Defesa japonês, Yasukazu Hamada, mostrando preocupação com a situação entre as Coreias.
O Japão alerta que alguns destes mísseis têm capacidade para atingir os EUA e pedem uma ação unida internacional para a desnuclearização da Coreia do Norte.
Durante o mês de Outubro, foram disparados mais de 20 mísseis que sobrevoaram o território japonês. O governo japonês foi, durante algumas instâncias, obrigado a emitir alertas à população, usando para isso as emissoras de televisão, para pedir às populações que permanecessem nas suas casas, em ambientes fechados ou, até mesmo, que evacuassem. Algumas das prefeituras que alertaram as suas populações para permanecerem nas suas casas foram as prefeituras de Miyagi, Yamagata e Niigata.
A Coreia do Norte não lançava um míssil sobre a área do Japão desde 2017, o que, com esta retoma de lançamento de mísseis, está a levar o Japão a emitir estes alertas à população e a parar a circulação ferroviária em algumas regiões.
A Coreia do Norte, apesar do cessar-fogo com a Coreia do Sul, tem continuado a demonstrar hostilidade contra Coreia do Sul e, por extensão, contra o Japão e os Estados Unidos da América, devido ao apoio dos mesmos à Coreia do Sul.
Com o retomar de disparos de mísseis este ano, a Coreia do Norte tem demonstrado cada vez mais frequentemente a sua capacidade militar, colocando não só a Coreia do Sul em alerta, mas também o Japão.
Exercícios militares na península Coreana
O aumento dos disparos de mísseis norte-coreanos e a resposta conjunta dos Estados Unidos e da Coreia do Sul
Com a Coreia do Norte a realizar com cada vez mais frequência testes de mísseis, a Coreia do Sul tem alertado para uma resposta severa à violação do cessar-fogo acordado em 1953.
No entanto, como o disparo de mísseis por parte da Coreia do Norte continua, a Coreia do Sul já respondeu realizando exercícios militares aéreos de enorme escala em conjunto com os Estados Unidos, mas também com o lançamento de mísseis para a mesma área para onde os mísseis norte coreanos foram disparados.
A Coreia do Norte, respondeu a este prolongamento da realização de exercícios militares aéreos conjuntos, com o disparo de mais mísseis.
Com a escalada de tensões na península coreana e a ameaça de um teste nuclear realizado pelos norte-coreanos, o primeiro desde 2017, os Estados Unidos, o Japão e a Coreia do Sul já asseguraram que este será “recebido com uma resposta forte e firme da comunidade internacional”, disseram os líderes dos três países num comunicado conjunto após uma reunião em Phnom Penh, a 13 de Novembro.
Os três líderes reafirmaram uma vez mais o seu empenho numa desnuclearização total da Coreia do Norte, apesar de apelarem à resolução de conflito de forma pacífica e através do diálogo.
Numa entrevista à Reuters, o Presidente da Coreia do Sul, veio pedir à China que ajude a dissuadir a Coreia do Norte de prosseguir com testes nucleares, afirmando que é necessário que a China cumpra as suas responsabilidades como membro permanente do Conselho de Segurança da ONU.
A aliança trilateral dos EUA, do Japão e da Coreia do Sul
A ameaça de Pyongyang e o apoio dos EUA e do Japão aos sul-coreanos
A constante escalada de tensões na península coreana e a crescente ameaça que a Coreia do Norte está a representar, tem servido como laço de união entre os EUA, o Japão e a Coreia do Sul.
As dezenas de ensaios balísticos e o teste do que se pensa ser um possível míssil intercontinental com capacidade para atingir o território dos Estados Unidos, está a levar os EUA, o Japão e a Coreia do Sul a criar uma mais estreita coordenação trilateral, com a imposição de novas sanções à Coreia do Norte anunciadas a 2 de dezembro.
Estas sanções vão afetar indivíduos conectados ao regime norte-coreano. Por exemplo, Kim Su-il, que exerce funções como representante do Departamento da Indústria de Munições no Vietname, de acordo com o Ministério dos Negócios Estrangeiros japonês, ou indivíduos e empresas ligadas a operações de aquisição para o desenvolvimento de armas de destruição maciça, segundo consta de uma nota do Ministério dos Negócios Estrangeiros da Coreia do Sul.
Alguns indivíduos que serão também afetados por estas sanções serão Ri Myung-hun, Ri Jeong-won, Choi Seong-nam, Ko Il-hwan, Baek Jong-sam e Kim Chol, todos norte-coreanos envolvidos em transações financeiras associadas ao desenvolvimento de armamento nuclear da Coreia do Norte e ligados ao Korea Trade Bank, Daesong Bank, Kumgang Banking Group e Tongil Baljun Bank.
Os Estados Unidos, o Japão e a Coreia do Sul procuram assim fortalecer a sua aliança e dissuadir a Coreia do Norte de tomar qualquer tipo de ação militar.
Artigo de Carolina Carvalho e Valentina Neto