Ana Rita Cunha

Comodismo ou necessidade: jovens portugueses saem cada vez mais tarde de casa

Sair de casa dos pais é o objetivo de muitos jovens. Sair de casa dos pais é um marco, uma transição, uma conquista da independência. Sair de casa dos pais é cada vez mais difícil.

Portugal tornou-se o país em que os jovens abandonam mais tarde o domicílio parental na Europa. A média de 33,6 anos em 2021 deixa o país com 7,1 anos de diferença face à média dos Estados-membros da União Europeia e com mais 14,6 anos do que a Suécia, local onde se sai mais cedo (19).

Leia a reportagem completa aqui.

Posted by Ana Rita Cunha in Temporada 2022/2023

Aumento do custo de produção reduz venda de jornais

Há cada vez menos pessoas a ler jornais. O aumento dos custos de produção, motivado pela inflação, reduziu o poder de compra de vários leitores.

Natural de Lisboa, Vítor Pinheiro, de 71 anos, é um dos afetados pela subida dos preços. De consumidor diário de jornais, passou a comprar apenas dois exemplares por semana, optando por um generalista e um desportivo. 

Por outro lado, o consumo de Carlos Costa, professor de matemática em Lisboa, mantém-se. Apesar de reconhecer uma diminuição de compra generalizada porque “as pessoas têm prioridades”, continua a adquirir a sua edição de preferência ao fim de semana.

O Quiosque Paulo Pereira, na Avenida dos Estados Unidos, em Lisboa, reflete a escalada da inflação no setor da imprensa. Se a pandemia fez aumentar o preço dos jornais em 10 cêntimos, no cenário atual a situação agrava-se. De 1,30€, um jornal diário passou para 1,50€.

O proprietário sentiu em primeira mão a redução das vendas. “Antes vendia 30 exemplares do Correio da Manhã e agora só 10 ou 15”, confessou.

Em causa está o aumento dos custos de produção e de matérias-primas como o papel e a tinta no contexto da escalada da inflação, que bate recordes de mês para mês. Contudo, de acordo com o Público, o aumento do preço do produto final é “insuficiente para equilibrar o impacto da subida do custo do papel nas receitas do jornal”.

Aumento dos custos de produção: uma realidade incontornável 

João Oliveira, Designer Gráfico da Gráfica Simões e responsável pela produção e impressão de jornais locais, conta ao ISCTE que a crise económica e as pressões inflacionistas têm impactado bastante os custos de produção, nomeadamente devido à subida do preço do papel.

João Oliveira afirma que, antes da inflação, o preço do papel para imprimir jornais e revistas “custava cerca de 5/6 euros”, mas este valor “agora está praticamente no dobro, situando-se atualmente na ordem dos 11 euros.”

Com a atual crise económica e financeira, a impressão de um jornal na Gráfica Simões custa agora “um terço a mais”, em comparação aos anos transatos de 2020 e 2021.    

Outro aspeto importante sublinhado por João Oliveira diz respeito aos custos de eletricidade. O Designer Gráfico admite que “os custos elevados da eletricidade também têm impactado o preço final dos jornais. As máquinas para produzir as chapas offset e para fazer as impressões gastam bastante eletricidade (…) Precisamos de cerca de 4 máquinas diferentes para produzir um jornal.”

As palavras de João Oliveira remetem-nos, precisamente, para uma notícia veiculada pelo Jornal Dinheiro Vivo em novembro de 2021. Segundo este órgão de comunicação social, o preço do papel de jornal e de revistas “disparou nos mercados internacionais e, tudo indica, que irá continuar a subir. A escassez de produto, que se alia ao aumento dos custos da energia, das matérias-primas e da distribuição, criou uma tempestade perfeita que está a preocupar as gráficas e os meios de comunicação social.”

O jornal digital sublinha ainda que, em Portugal, não existem fábricas que produzam papel de jornal, devido à pequena dimensão do setor, pelo que a imprensa portuguesa “está totalmente dependente da importação e destas oscilações de mercado.”

Em entrevista ao Dinheiro Vivo, Paulo Dourado, da Associação Portuguesa das Indústrias Gráficas e Transformadoras do Papel (APIGRAF), afirma que esta indústria está a sentir “a pressão do aumento do preço das matérias-primas, nomeadamente do papel, tal como de outros fatores, como a energia.”

Francisco Gomes da Silva, Diretor Geral da Associação da Indústria Papeleira (CELPA), avança também ao Dinheiro Vivo que este setor tem verificado “impactos quer nos preços da energia adquirida nos mercados, quer nos diversos custos dependentes da energia e dos combustíveis, como é o caso dos transportes e de toda a logística e operações”.

Em entrevista ao Dinheiro Vivo em março de 2022, Francisco Correia, gerente de uma das maiores fabricantes ibéricas de produtos de papelaria e embalagem (a Ancor), admitiu que os preços do papel atingiram “máximos históricos (…)”.

Fernanda Quintas, funcionária Administrativa da Gráfica Diário do Minho, conta ao ISCTE que a empresa gráfica faz a impressão de mais de 50 jornais locais e regionais e que os custos de produção têm aumentado substancialmente nos últimos tempos, sobretudo devido ao contexto da inflação e da crise económica em Portugal.

A funcionária administrativa descreve a situação atual como “muito preocupante” e afirma que “(…) os custos de produção têm aumentado bastante. Nós tentamos minimizar o preço final para o cliente, mas não é fácil. Os jornais, coitados, tentam sobreviver a esta crise, mas isto tudo está a ficar um bocado complicado para eles também.”

Contactada pelo ISCTE, Ana Torres (Diretora Comercial) afirma que “(…) a escassez e o aumento do preço bruto do papel causaram um caos este ano na maioria das gráficas, incluindo na nossa. De repente, o preço do quilo do papel que era 89 cêntimos, passou a 2 euros e 10. Como devem calcular, isto tem um impacto brutal nos orçamentos e nas tesourarias das gráficas.”

A Diretora Comercial confidencia que o modo de trabalho da empresa gráfica teve de mudar “totalmente” nos últimos meses porque as grandes empresas fornecedoras de papel deixaram, numa primeira fase, de ter papel “por causa da pandemia e do encerramento de algumas fábricas de produção de papel” e, posteriormente, devido “à Guerra na Ucrânia e pelo facto do papel que vinha da Rússia ter deixado de vir.”

Neste contexto de carência, Ana Torres afirma que “o mercado Europeu teve de começar a abastecer-se em Portugal, porque a qualidade do nosso papel é um dos melhores da Europa. Isso fez com que Portugal ficasse praticamente sem papel.”

A Diretora Comercial da Lousanense acrescenta, ainda, que o atual cenário de produção de papel em Portugal é uma autêntica “vergonha” porque “as nossas fábricas, como a Navigator, continuam a produzir imenso papel, mas vendem quase tudo lá para fora e não deixam nada em Portugal.”

Questionada sobre os custos de produção, Ana Torres afirma que os preços da tinta e do papel “supostamente só deveriam custar 30%”, mas, neste momento, com a subida generalizada dos preços, há jornais e revistas “que custam 50% a produzir, o que não pode acontecer de todo.”

A Diretora Comercial conta ao ISCTE que, atualmente, os principais clientes da Gráfica Lousanense são as grandes editoras, nomeadamente a Penguin Random House (Penguin Livros). Ana Torres garante que, apesar da inflação e do aumento dos preços, as editoras “felizmente ainda conseguem suportar os custos de produção.”

Questionada sobre o preço final cobrado aos clientes e os constantes ajustes que a empresa gráfica tem de fazer, Ana Torres afirma que “os orçamentos têm de ser feitos mês a mês. O que é hoje já não é amanhã. Não temos certezas de nada. Agora nem damos prazos nem estimativas. Dizemos apenas que, aquando da adjudicação, o preço final pode sofrer alterações.”

Raspadinhas impedem quiosques de fechar

Com o aumento do preço, os jornais deixam de ser o negócio principal dos quiosques para dar lugar às raspadinhas.

Estas tornaram-se a maior fonte de rendimento do quiosque lisboeta de Paulo Pereira, impedindo o negócio de deixar de ser lucrativo. “Fazemos 300€ em raspadinhas diariamente”, conta o proprietário.

Ainda que sejam de papel, as raspadinhas mantêm o preço, o que explica a mesma e, por vezes, mais elevada procura. Sem a confirmação por parte da entidade responsável, Paulo Pereira aponta a diminuição de prémios como explicação para o preço do jogo não acompanhar a inflação.

Portugal é o país europeu com maior gasto em raspadinhas, representando mais do dobro da média europeia. Números de 2018 mostram, que à data, os portugueses gastavam 4,4 milhões por dia. No ano seguinte, a receita cresceu 7,8%.

Artigo por Ana Leão, Ana Rita Cunha e Bruno Saraiva

Posted by Ana Rita Cunha in Temporada 2022/2023

Bob Iger volta temporariamente a diretor executivo da Disney

A Disney nomeou Bob Iger novo diretor executivo da empresa. O americano regressa temporariamente ao cargo que ocupou durante 15 anos e que deixou para Bob Chapek.

O anúncio do regresso de Bob Iger, que comandou a multinacional entre 2005 e 2020, foi feito pela empresa norte-americana em comunicado este domingo e, posteriormente, divulgado nas redes sociais. De acordo com a Disney, o novo diretor, de 71 anos, concordou em reassumir a liderança da empresa por apenas dois anos.

Bob Iger, que numa mensagem aos funcionários diz voltar com “um sentimento de gratidão e humildade”, pretende estabelecer uma estratégia de “crescimento renovado” para a Disney. A par desse objetivo, o novo diretor executivo vai trabalhar para encontrar um sucessor, em conjunto com o conselho de administração.

A nomeação temporária dá-se no seguimento da saída de Bob Chapek, que tinha renovado o contrato em junho. Não obstante os agradecimentos ao agora antigo diretor, a Disney não especificou as razões da partida.

“Agradecemos Bob Chapek pelo seu serviço à Disney (…), incluindo a orientação da empresa através dos desafios sem precedentes da pandemia”

Susan Arnold, presidente do Conselho de Administração Disney

A Disney nomeou Bob Chapek diretor executivo em 2020, tendo a chefia ficado marcada pela pandemia e por polémicas por ela impulsionadas. Em causa está o encerramento de parques temáticos e cinemas bem como a perda do equivalente a 1,46 mil milhões de euros nas plataformas de streaming da empresa, como a Disney+, a ESPN+ e a Hulu, que resultou numa queda de 13% das ações da multinacional, no início de novembro.

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Dona do Facebook vai despedir 11 mil trabalhadores

A Meta, empresa que detém o Facebook, vai proceder a um despedimento em massa. Zuckerberg anunciou um corte de 11 mil trabalhadores.

A medida, divulgada esta quarta-feira, dia 9, em comunicado, reflete uma redução em 13% do quadro de pessoal da dona do Facebook, do Instagram e do WhatsApp. A justificação prende-se com a queda das receitas.

Em causa está o decréscimo das receitas proveniente dos cortes orçamentais das empresas de publicidade, como consequência da escalada da inflação, que se repercute em plataformas suportadas por anúncios, como o Facebook. Para além disso, a medida provém da ainda falta de retorno dos investimentos feitos no metaverso. 

Num discurso aos funcionários, Mark Zuckerberg assumiu a responsabilidade do sucedido. “É a coisa mais difícil que já fizemos na história da Meta”, garantiu o CEO da empresa.

Os 11 mil funcionários visados vão ser indemnizados pela empresa com 16 semanas de salário, ao que se soma duas semanas adicionais por cada ano de serviço. Fora isso, poderão contar com seguro de saúde por mais seis meses, férias não gozadas e as ações da empresa devidas.

Portugal fica de fora dos cortes de pessoal por não ter escritórios da Meta no país. Ainda assim, o país poderá vir a ser afetado indiretamente

Com 18 anos de existência, nunca a empresa co-fundada e liderada por Zuckerberg tinha passado por um despedimento em larga escala. A Meta junta-se assim à Netflix, à Microsoft e, mais recentemente, ao Twitter, que este ano já procederam a despedimentos em massa.

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Elon Musk pretende demitir 3700 funcionários do Twitter

O novo dono do Twitter vai demitir até metade dos 7500 funcionários da rede social. Os despedimentos deverão acontecer já a partir de sexta-feira, se não antes.

De acordo com duas pessoas ligadas ao projeto e citadas pelo jornal Financial Times, Elon Musk planeia reduzir postos de trabalho como forma de cortar nos custos da empresa. Cerca de 3700 funcionários podem perder os empregos, embora os números ainda não sejam oficiais.

Para além disso, Elon Musk terá proibido o teletrabalho, mudando a política do Twitter, que permitia o desenvolvimento das tarefas em qualquer lugar. Os trabalhadores ficam obrigados à presença no escritório já a partir de segunda-feira.

Aos funcionários, foi ainda pedido que trabalhassem a tempo inteiro em projetos selecionados.

Estas juntam-se a um leque de medidas já tomadas por Elon Musk desde que adquiriu a empresa, por 44 milhões de dólares. Na terça-feira, o bilionário tinha anunciado o lançamento de uma subscrição de oito dólares por mês, o correspondente a 8,21€, para a certificação de contas e menos publicidade. No futuro, esse valor poderá ser ajustado consoante o poder de compra do país.

As medidas de Elon Musk como dono do Twitter, cargo que ocupa desde dia 27 de outubro, começaram pela demissão dos diretores executivos da empresa. Nessa altura, o bilionário já teria confessado despedimentos em larga escala, algo que veio a desmentir mais tarde.

Por Ana Leão e Ana Rita Cunha

Posted by Ana Rita Cunha in Temporada 2022/2023

CTT e sindicatos contradizem-se sobre adesão à greve

No primeiro dia de greve, os CTT dão conta de uma “fraca adesão” de cerca de 14,8%, enquanto os sindicatos apontam para 67,5%.

Os CTT, “tendo procedido ao levantamento dos colaboradores aderentes à greve geral”, anunciaram, em comunicado, que a adesão não excede os 15%. De acordo com a empresa, a “fraca adesão” não tem um “impacto expressivo” na atividade.

Por outro lado, o dirigente do Sindicato Nacional dos Trabalhadores dos Correios e Telecomunicações (SNTCT), Victor Narciso, garantiu à Lusa que a greve está a ter uma adesão superior à anunciada pela empresa. Até ao início da tarde, a taxa efetiva de participantes era de 67,5%.

Os CTT esperam que “a maioria da população e dos clientes não venham a sentir qualquer efeito” provocado pela greve. Em causa está a “baixa adesão a este primeiro dia”, que não causou “nenhuma perturbação relevante nos centros de distribuição postal”. Também nos Centros de Tratamento e nas Lojas CTT o trabalho “foi assegurado e prestado dentro da normalidade”. “Não se sentiu qualquer interrupção do serviço aos clientes”, afirmam.

Ainda assim, a empresa promete “fazer tudo para minimizar eventuais impactos” nos locais onde possam surgir constrangimentos. Para tal, existe um plano de contingência, que conta com distribuições a serem realizadas na terça-feira, feriado, ou no sábado seguinte.

Apesar de respeitarem o direito à greve, um direito que consideram “inalienável na forma de expressão de todos os trabalhadores”, os CTT condenam as datas escolhidas para a realização da mesma – dias 31 de outubro e 2 de novembro – e repudiam “as razões para a sua realização”. 

Segundo um comunicado, esta greve, convocada a 7 de outubro pelos sindicatos que representam os trabalhadores da empresa, surge como protesto pelos “7,50€ de aumento imposto” pelo grupo aos funcionários. Os sindicatos referiram que, no contexto da escalada da inflação, “os CTT aumentaram os preços num mínimo de 6,8%, enquanto impunham unilateralmente um aumento de 7,50€ a cada um dos seus trabalhadores”.

Os trabalhadores dos CTT já tinham estado em greve em junho devido às atualizações salariais.

Posted by Ana Rita Cunha in Temporada 2022/2023