Durante a campanha para as recentes eleições do Brasil, alguns repórteres e jornalistas portugueses foram alvo de ataques verbais por parte do Presidente brasileiro.
“Não entendi o que você falou”, respondeu Bolsonaro a um jornalista da RTP, depois de este o ter questionado durante uma conferência de imprensa no último debate das eleições, dia 28 de outubro.
Porém, quando Pedro Sá Guerra repetiu a pergunta, Bolsonaro insultou o jornalista e os portugueses: “Se repetir, vou continuar a não entender. Não falo espanhol, nem portunhol”, refere o jornal Observador.
O jornalista tinha como objetivo obter um comentário sobre a preocupação demonstrada por alguns líderes internacionais.
Jair Bolsonaro, acabou por responder à pergunta do jornalista português, mesmo que de uma forma indireta, referindo que tem falado com o presidente norte-americano, Joe Biden, e com Vladimir Putin, presidente da Rússia.
Uma situação idêntica aconteceu durante a cobertura da CNN Portugal após a vitória de Lula. Pedro Bello Moraes, jornalista português, estava em direto quando entrevistou apoiantes de Bolsonaro. Durante o momento, as pessoas ficaram exaltadas com a vitória do partido oposto e começaram a gritar: “O Lula deveria estar preso. Ele não poderia ter concorrido às eleições”. De seguida, as pessoas culparam o canal televisivo português, como responsável pela eleição do ex-presidente do Brasil. O repórter não conseguiu continuar com as entrevistas e foi obrigado a terminar o direto.
O sindicato dos jornalistas no Brasil, Federação Nacional dos Jornalistas (FENAJ) reagiu aos ataques à imprensa portuguesa através de um comunicado partilhado nas redes sociais: “Ao vivo, o jornalista ouviu que a emissora era um “lixo” e mesmo esclarecendo que se tratava de uma emissora portuguesa, não foi poupado de xingamentos.”
“Infelizmente, o clima de ódio que tem marcado o Brasil nos últimos quatro anos não será dissipado tão depressa”, acrescentou o sindicato.
Recorde-se que o atual presidente e Lula da Silva, o presidente eleito, travaram uma luta luta renhida na segunda volta das eleições brasileiras. Lula ganhou com 50,9% (mais de 60 milhões de votantes) e Bolsonaro 49,1% (mais de 58 milhões).
Por: Margarida Duarte, Mateus Lino e Francisco Rolo