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Associação Salvador: a luta por um país sobre rodas

Todos os dias a cidade de Lisboa é percorrida por diversos voluntários da Associação Salvador, para a angariação de novos “amigos” para a associação e de mais contributos monetários para a defesa e desenvolvimento de melhores condições para as pessoas com deficiência motora.

A Associação Salvador nasceu em 2003 e foi fundada por Salvador Mendes de Almeida. Após ter sofrido um acidente que deixou Salvador tetraplégico com apenas 16 anos, este decidiu criar a associação de forma a desenvolver projetos na área da deficiência motora, que atuam em três áreas: conhecimento, partilha e sensibilização. As pessoas que tenham interesse em fazer parte da associação têm que pagar para usufruir daquilo que esta tem para oferecer.

Os amigos das pessoas com deficiência motora

O Factual acompanhou uma das ações de sensibilização e recrutamento, em frente à Estação de Entrecampos, onde a problemática se centrava nos transportes públicos. A falta de acessibilidade nos transportes como a escassez de elevadores e o não funcionamento das escadas rolantes e a difícil inclusão no mercado de trabalho são algumas das problemáticas apontadas pela voluntária Mariana Granja. “Não há fiscalização e há uma lei (das quotas) que não é cumprida”, referiu a jovem que considera que existe falta de apoios por parte do Estado. Acrescentou ainda que “uma cadeira de rodas custa entre quatro a seis mil euros e que, apesar do Governo ser obrigado a cedê-las, é um processo que demora entre sete a dez anos”. 

Nestas iniciativas são destacadas várias equipas que são enviadas para a rua, num projeto denominado de “Face to Face”. O objetivo da inscrição destes “amigos” é que possam contribuir monetariamente para ajudar a dar resposta aos desafios e casos diários que chegam a esta Instituição Particular de Solidariedade Social (IPSS). Neste momento a associação já conta com 3782 amigos.

O papel do Estado

Em declarações ao Factual, Mariana Corrêa Nunes, responsável de comunicação da Associação Salvador, destaca que “cerca de 80% das Câmaras Municipais não cumprem o plano de Acessibilidades”. Afirma que ainda há um longo caminho a percorrer e que o Estado falha essencialmente na fiscalização, “ninguém consegue identificar uma rua em Portugal que seja 100% acessível”.

Confira aqui parte da entrevista a Mariana Corrêa Nunes:

Neste momento está a decorrer uma petição que exige a revisão do Decreto-Lei das Acessibilidade, que pode assinar aqui.

Mariana conta ainda o caso impactante de um associado que passou grandes dificuldades ao longo da sua vida, antes de conhecer a Associação Salvador.

Uma luta pela empregabilidade

A Associação Salvador realiza feiras de emprego para a contratação de pessoas com deficiência motora e prepara os seus associados para o mundo do trabalho, através de formações e workshops em áreas como inglês, aprendizagem de Excel, entre outras, consoante a necessidade de cada um. Além disso, tem parceria com diversas entidades e empresas que contratam pessoas com deficiência motora ligadas à associação. Para já este projeto visa apenas as cidades de Lisboa e do Porto, em que se podem inscrever para ter acompanhamento na procura de emprego.

Quero ajudar e agora?

Como me poderei inscrever? Existem várias formas de poder ajudar a Associação Salvador. Entre elas, tornar-se “amigo”, através de um pequeno montante mensal, fazer um donativo, converter 0,5% do seu IRS ou até mesmo, caso faça parte de uma empresa, apoiar um projeto específico. Todas estas opções estão disponíveis no site da associação.

Artigo de Bárbara Galego e Raquel Almeida

Posted by Raquel Almeida in Temporada 2022/2023